{Hōritsu}[Filler nº 2] O Violino

Nimai acordava em casa, o sol batia-lhe gentilmente na cara, era o seu despertador natural, costumava acordar, no entanto ao abrir os olhos apercebeu-se que algo estava mal, ele não estava em sua casa. Estava num quarto branco, apercebeu-se mais tarde que estava num quarto de hospital. Tinha ligaduras à volta do seu corpo, e no seu braço esquerdo estava ligado a soro. Ele tinha memórias daquele hospital, más memórias de quando era pequeno, teve um irmão morreu pouco depois de ter sido atropelado, o seu avo morreu também naquele hospital.
Uma enfermeira entrou no quarto, ela parecia insensível, pálida e séria, olhou para Nimai e desviou o olhar novamente para a ficha que tinha nos seus braços. Nimai sentia-se fraco, não conseguia mexer-se muito, os seus pensamentos eram só: “O que aconteceu?”e “Porque é que estou aqui?”. Tentou levantar o braço, mas este tremia.
-Por favor não faça nenhum esforço – Disse a enfermeira enquanto escrevia na folha – Foi gravemente ferido, ainda não foi descoberto o culpado ou a arma utilizada para cometer o crime.
-Fui assaltado? – Perguntou Nimai como não se lembrasse de nada.
-Parece que lhe falta parte da memoria… A única coisa que sabemos é que foi deixado à porta do nosso hospital. Para acordar 1 hora depois de ter sido tratado é um bocado impressionante.
-“O que não me mata, torna-me mais forte” – Citou a famosa frase de Nietzsche.
A enfermeira abandonou o quarto e Nimai ficou sozinho acabando por adormecer.

Acordou mais tarde com um violino e uma doce e bela melodia, era hipnotizante. Nimai foi procurar a beleza transmitida para as cordas, peça tão bela. Abriu a janela, era de noite, estava lua cheia e a melodia vinha do telhado. Como as suas forças já se tinham restaurado ele decidiu averiguar o autor de bela melodia.
A rapariga que Nimai conhecera na noite anterior era quem tocava tal peça artística. Ela continuava coberta de trapos, o seu cabelo era cinzento, longo, brilhava como a prata à luz que a lua lhe dava, os seus olhos também cinzentos, um anjo era a descrição mais apropriada para a jovem, no entanto era um anjo que tinha um vazio no coração, mais apropriadamente um buraco negro que estava onde o seu coração devia estar. Tinha também um colar branco, uma espécie de coleira, mas esta estava partida, não chegava a cobrir-lhe o pescoço inteiro. Ela fechava os olhos enquanto tocava a canção. Parou, sentia que alguém se aproximava, acabou por se esconder e observar a cara do intruso.
Nimai ia abrir a porta quando a melodia parou, mas isso não o impediu para ver quem é que tocava tão bela melodia. Não conseguia encontrar ninguém em cima do telhado, olhou para a lua. Ele sentia uma presença que lhe era familiar, mas mesmo assim não se lembrava bem de quem era. A jovem acabou por aparecer.
-Como é que te chamas? – Perguntou a voz feminina.
-Raike Nimai. Qual é o teu?
- Alehandra Grahanz – Ela fez uma pausa – É assim que os outros me tratam.
-Eras tu que estavas a tocar aquela melodia?
-Os humanos não a conseguem ouvir… - Ela olhou para Nimai – Pelo menos maior parte deles.
Nimai, voltou-se para ela, ela tinha um violino branco na sua mão esquerda e o arco na outra. Achou estranho o aspecto dela, ela parecia triste. Uma palavra veio-lhe de repente à cabeça, uma voz masculina a gritar “Arrancar”. Nimai levou a mão à cabeça:
-Arrancar … - Sussurrou baixinho e com isso vieram todas as memorias da noite passado – Tu eras o que estava a ser perseguido?
-Sim era eu, obrigado por me salvares.
-Tu… o que é que és?
-Tu não irias compreender. Os humanos nunca entendem – Disse, virando as costas Nimai.
-Pelos vistos, nunca tentaste…
-Eu não sei o que sou também, alguns dizem que já fui humana, mas eu acho que fui sempre um Hollow, um arrancar, a minha memória já se perdeu com o tempo. Venho de outro mundo, chamado de Hueco Mundo, é um cheio de escuridão, onde o vazio é o seu habitante principal. Lá outros hollows lutam entre si como animais para ficarem mais fortes. Eu sou um desses animais, alimento-me da alma de um humano, apenas para ver se consigo sentir algo.
-E o homem de preto?
-Um deus da morte, inimigos naturais dos hollows, lutam para ajudarem as almas perdidas no mundo para elas conseguirem ficar em segurança em Soul Society, evitam que nós devoremos as almas dos humanos.
-Apenas isso? – Disse Nimai olhando para ela, esperando mais – Parece que Descartes tinha razão…Raios, não podemos confiar nos nossos sentidos.
-Como? – Ela estava confusa com o que ele dissera
-É filosofia, não importa… Continuando, que tal fazermos uma equipa?
-Porque?
-Ambos estamos sozinhos e isso nunca trás felicidade, é demasiado irritante… Eu prometo que vou te proteger e em troca tu proteges-me. O que é que dizes? – Nimai mostrou um sorriso ao fazer-lhe a pergunta.
-Vou pensar nisso.
-Até amanhã. Estou demasiado cansado hoje. – Nimai virou-lhe as costas e voltou para o seu quarto.

No dia seguinte, era de manhã, Nimai dirigiu-se ao telhado, à procura de Alehandra. Não a conseguiu encontrar, de uma em uma hora foi à procura de Alehandra 15 horas passaram-se. Era de noite quando finalmente ele conseguiu contacto com ela. Ela tocava sempre a mesma canção no violino, estava sempre a olhar para a lua.
-Eu decidi que vou aceitar o teu acordo.
-Excelente, mas tenho só mais uma proposta a fazer-te… Devora apenas as almas que eu disser…
-Acho que isso não será problema. As almas deste hospital são fracas de qualquer das maneiras.
-Amanhã já tenho alta, posso sair do hospital. Tens um lugar para viver?
Com a cabeça, ela respondeu que não.
-Então vens viver na minha casa.
A conversa durou mais uns minutos, Nimai voltou para o seu quarto, estava entusiasmado.

No entanto, novos inimigos de outros mundos começavam a surgir. Em soul Society dava-se uma conversa entre um shinigami e o seu capitão. Os dois pareciam ter posturas descontraídas.
-Parece que um arrancar anda a provocar estragos de novo em Karakura Town… -Dizia este enquanto estava deitado no chão, usando um dos seus braços para apoiar a cabeça - Podes ir lá tratar do assunto, eu confio em ti.
-Parece que é mesmo uma cidade conhecida… Um ponto de encontro de Hollow – Este shinigami parecia ter também uma postura descontraída, mesmo em frente ao capitão, tinha um cigarro na boca, mas este não estava aceso – Bem, já que tem de ser, tem de ser. Aproveito para ver as belas paisagens do outro mundo.


Em Hueco Mundo, parecia que no meio do deserto havia uma pequena casa e dentro dela estavam vários Hollows, todos Arrancar. Parece que estavam a ensaiar peças clássicas. O maestro vestia roupas estranhas e o seu cabelo era azul e amarelo. Havia outro Arrancar que estava sentado a escrever. A orquestra tocava, com as indicações do maestro.
-Não, não, não! Está tudo mal! Não consigo ver nenhuma arte, onde está a alma… - O maestro abaixou a cabeça, levando a mão aos olhos, enquanto as lágrimas caiam-lhe. – Após tanto tempo ao ensinar-vos a tocar, vocês partem-me o coração … De todas as orquestras, vocês foram os piores – Ele mostrou a palma da sua mão à orquestra, a palma tinha um buraco que lhe atravessava – “Cero” – Uma forte luz verde começou a brilhar e projectou-se sobre os Hollows matando-os a todos e destruindo metade da casa.
-Não sei porque é que lhes das um raspanete, se os vais matar de qualquer forma – Disse o outro enquanto escrevia.
-Tu não percebes nada sobre arte… Enfim, tenho o coração em pedaços, preciso de inspiração, para o mundo real!