{Hōritsu}[Filler nº 1] Os Monstros da noite

Era de noite, devagar Nimai passava os olhos pelas letras de um livro, enquanto estava deitado na sua cama, tinha os fones nos seus ouvidos. Nimai gostava de ler de vez em quando, livros filosóficos fascinavam-lhe, teorias sobre a vida e a morte, o bem e o mal, a ética e a moral de uma pessoa, o sentido de cada um dos conceitos referidos, as suas ideias fascinavam o jovem de 18 anos. Ele leu uma das frases do livro que lia em voz alta:

-“Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.”

Nimai fechou o livro, após ler aquela passagem. Pôs o livro na secretária onde este costumava estudar. Desligou a luz e olhou pela janela para o céu limpo que mostrava uma bela lua cheia que se iluminava no céu escuro. Não havia estrelas, a causa provavelmente era as luzes que iluminavam a rua suja. Abriu a janela para que a brisa de da noite verão entrar no seu quarto, fazendo-o mais confortável.

Nimai vivia numa vivenda de dois andares alugada, o seu quarto ficava no segundo e a sua janela dava uma paisagem para o quintal de outras casas. Os seus pais pagavam o aluguer para que ele ficasse mais perto da escola. A sua mãe era secretária de um executivo de uma empresa de electricidade, o seu pai era Físico, neste momento ensinava na Universidade de Tokio, a maior universidade do país.

Algo perturbou aquele confortável ambiente, algo muito rápido, um grande barulho que fez Nimai tapar os dois ouvidos com as suas mãos. A origem do barulho parecia vir da casa da frente. Perturbado, desceu as escadas e saiu pela porta da frente para arranjar o seu sossego, mas também como as ruas podem ser um desassossego para Nimai, ele escondeu a sua pequena katana junto à sua perna esquerda, as calças de ganga tapavam facilmente a arma. Ao sair de casa viu um homem de kimono preto, com uma katana à cintura a andar calmamente pelas ruas, uma visão invulgar para Nimai, podia ser uma ilusão, ou o mais provável para ele é que fora este homem que causara todo o barulho que se ouvira.
Decidiu seguir o homem com a katana, considerou uma acção estúpida e corajosa, pelo simples facto de o homem estar armado com uma arma branca, mas as acções de Nimai eram sempre estranhas no ponto de vista de outras pessoas e este também não era nenhum santo ao carregar uma katana pequena. Andava atrás do samurai, a poucos metros de distância, nem sequer se deu ao trabalho de se esconder. O homem parou, mas Nimai continuou a andar calmamente, o homem olhou para Nimai que ainda estava atrás dele.
-Deve ser impressão minha… tenho de me habituar à ideia que os humanos não me conseguem ver…
Ao ouvir isto por parte do homem de preto, Nimai continuou a segui-lo como se fossem ao mesmo sítio, que provavelmente para o jovem de dezoito anos era o manicómio, se homem não fosse maluco, ele o era, afinal quantas vezes é que se vê um homem com uma katana na rua a pensar que os humanos não o conseguem ver.
O homem parou, a expressão na sua face tornou-se séria. Nimai continuou a andar, acabou por passar pelo homem, deu um rápido olhar de lado, para o homem que rapidamente desapareceu, literalmente, sem mais nem menos.
-Parece que era apenas uma ilusão minha… - Monologou Nimai, calmo como de costume.

Nimai continuou a andar, relaxado pelas ruas, foi ter em direcção a uma loja de conveniência, onde vendiam refrigerantes e ele precisava de matar a sede. Em frente a esta loja estava um parque infantil. Ele entrou dentro da loja e comprou uma Coca-Cola e olhou para o parque vazio, rodeado por arbustos e árvores.
Ouviu algo no fundo da rua, a audição de Nimai era a única coisa que não o desiludia, pareciam vir do fundo da rua. Esperou para poder ver a cara das pessoas ruidosas, rapidamente viu uma pessoa a correr com um manto muito estragado à sua volta, descalça, parecia que estava a fugir de algo, essa pessoa acabou por passar por Nimai a correr, mas acabou por cair quando foi atingida por alguma coisa na perna, ficou um pouco à frente de Nimai. Assim revelava-se o perseguidor, que saia da sombra para a luz dos candeeiros, o maluco que pensava não ser visto por pessoas normais, o que levava a katana, agora que estava na sua mão e tinha um kimono preto, esta pessoa apontava para o outro e acabou por dizer.
- Hadou nº 4: Byakurai
Avançava para aplicar o seu último golpe, ignorando Nimai. De repente desapareceu, e apareceu ao pé da outra pessoa.
-Pelos teus pecados e intervenções com o reino dos humanos e com a Soul Sociaty eu sentenceio-te à morte pela minha lamina. Devias estar honrado. Adeus Arrancar! – Gritou ele com arrogância no seu tom.

Nimai moveu-se, rapidamente empurrando o homem de kimono para a frente, falhando o Arrancar e acertando no chão, ficando assim com a katana presa, Nimai aproveitou-se da situação e deu-lhe uma joelhada no seu braço esquerdo e este caiu para o lado esquerdo. Nimai retirou a sua katana que estava escondida e apontou-a para o homem de kimono.
-Tanta arrogância, no entanto tu também cometeste um pecado, acabaste com o meu repouso. Adeus homem da minha imaginação.

Nimai ia dar o golpe final, mas algo o interrompeu.
- Bakudou nº 1: Sai – Disse o homem de preto, paralisou Nimai por completo – Eu não sou um fruto da tua imaginação humano… Estou surpreendido que me consigas ver tão bem. Eu sou um shinigami.
-Que bruxaria é esta? – Disse Nimai, ao tentar mover-se.
-Uma técnica de paralisação, mas mais importante, tu tentaste-me matar – o homem agarrou a katana de Nimai e retirou-a da sua mão

Com um gesto rápido, deu um golpe no torso com a lâmina da katana de Nimai, este que acabou por cair para trás.
-Baixaste a tua guarda e isso foi o teu maior erro. Adeus humano. – Disse o shinigami enquanto Nimai fechava os olhos lentamente.
-Também foi o teu! – Ouviu-se uma voz feminina, e atrás do shinigami apareceu o arrancar, trespassando a sua mão pelo coração do shinigami.