Nimai passava pelo cemitério, queria aumentar a sua capacidade de ver e sentir os espíritos e porque não ir para o sítio mais indicado, há espíritos que ainda estão presos ao seu corpo, que querem voltar para a vida.
O jovem concentrou-se, fechou os olhos, sentiu uma energia dentro de si, tinham-lhe explicado acerca do reiastu, deixou essa energia, pequena sair do seu corpo, procurou encontrar outras energias semelhantes à sua na zona, abriu os olhos, sentiu essas energias semelhantes à sua nas redondezas, muito perto de si, ele abriu os olhos. Em seu redor estavam vários e vários espíritos, uns que vagueavam, outros que estavam sentados no chão e outros deitados sobre a sua campa, tinham todos uma corrente no meio peito. Quanto mais se aproximava dos espíritos, mais os conseguia ver nitidamente. Pareciam tristes e assustados, por isso Nimai aproximou-se ao pé de uma mulher e falou com ela:
– O que se passa, porque é que estão tão tristes?
– Tu consegues ver-nos? – Surpreendeu-se ela, começou a gritar – Ei! Ele consegue-nos ver!
Rapidamente todos os espíritos, aproximaram-se do jovem rapaz, com mil pedidos e todos a falarem ao mesmo tempo, cercaram o jovem rapaz por todo o lado, agarrando-o.
– Um de cada vez! – Gritou ele e apontou para a mulher com quem falara há bocado – Tu!
– Bem, podias trazer algumas flores para o cemitério, nós costumamo-nos sentir abandonados – Ela parecia pouco nervosa.
Alguns espíritos não concordaram e recomeçaram a gritar outra vez, Nimai mandou-os calar mais uma vez e decidiu que iria faze-lo, comprar flores para cerca de 250 espíritos, um velho aproximou-se dele e disse:
– Eu exijo protecção, não flores! Contra aqueles monstros da noite e do dia que capturam os que restam dia a dia! – Muitos concordaram com o velho.
Nimai não falou, não sabia a que ele se referia por “monstros da noite e do dia”, decidiu cumprir apenas a tarefa que lhe foi dada.
No dia seguinte, Nimai comprou cerca de 500 flores, lírios brancos, distribui todas as flores por todas as campas, andou de campa em campa a distribuir uma por uma. No entanto ficaram quase todos insatisfeitos, uma pequena rapariga com apenas 6 anos parecia não reclamar e era a única, parecia até gostar muito dos lírios brancos. Os outros todos reclamavam porque não gostavam. Nimai perguntou o que é que eles gostavam, todos começaram a falar mais uma vez outra vez. Por isso ele tentou outra abordagem, com um bloco de notas e uma caneta, perguntou um a um quantas e quais flores lhe agradavam. Uns disseram que flores eram coisas para homossexuais e outros responderam com humildade, cerca de 250 ramos para cada espírito, passou 5 horas a perguntar.
Foi a uma florista, só tinham 100 ramos das flores que eram necessárias, rosas e margaridas. Nimai comprou-as e foi ao cemitério. Eram 5 horas, agora parecia que os espíritos não desapareciam. Algo que incomodou o jovem apareceu mesmo à sua frente – grafitis – 3 jovens, estavam a grafitar algumas sepulturas e as paredes do cemitério, os espíritos gritavam todos de raiva. Nimai não pôde ignorar a situação que aparecia à sua frente.
– Idiotas! – Gritou ele para os três jovens que tinham casacos de desporto, usavam capuches e tinham cabelos pintados de loiro e as calças de desporto ligeiramente para baixo – Isto é um espaço público! Estão proibidos de fazer grafites aqui!
– Quem é que nomeou-te rei? – Disse ele a tentar assustar Nimai, aproximou-se dele e olhou-o nos olhos, todos eles pararam de grafitar na parede e olharam para o Nimai.
– Tem calma, só estou a dar… – Nimai parou, fechou o punho e olhou para ele, o que confrontava o jovem, também olhou para o punho com uma sobrancelha levantada, Nimai deu-lhe um soco no centro da cara, meteu-o a sangrar do nariz, este que estava torto, provavelmente partido, o delinquente começou aos berros de dor e com os insultos para o jovem, os espíritos gritavam de contentamento e o jovem aproveitou para acabar a sua frase – … uma lição.
¬ – Maldito – Disse um que estava atrás tirando uma navalha e mostrando-a, estava à vista de todos, o outro tirou uma faca de cozinha para cortar a carne em bocadinhos.
– Wow – Disse ele ironicamente, sem ficar surpreendido – Alguém vai se acabar por magoar…
– Tu! – Os dois atacaram Nimai ao mesmo tempo, corriam contra ele.
Nimai meteu-se numa posição de luta, que lhe fora ensinada pelo pai quando tinha dez anos, meteu as duas mãos à frente, a perna esquerda atrás com a sola do sapato no chão e a outra à frente, as suas palmas estavam abertas e os dois braços à frente da cara.
O Primeiro delinquente aproximou-se, tentou espetar-lhe com a navalha no meio do peito, Nimai agarrou no seu braço com as duas mãos, prendendo-o e virando-se de costas enquanto prendia-lhe o braço, atirou-o para a frente com toda a sua força, ele caiu no chão de cimento, bateu com a cabeça no chão, não se levantou mais.
O outro decidiu atacar por trás, saltou segurando a faca com as duas mãos pronto para cortar, rapidamente, Nimai desviou-se para o lado, assim que assentou com os pés no chão o delinquente tentou outra vez rapidamente, tentou fazer-lhe um golpe mortal no pescoço, inclinou o tronco e o pescoço para trás, passando-lhe por um triz, não fazendo qualquer corte. Tentou mais uma vez, mas desta vez espetar-lhe com a faca no peito outra vez, desta vez Nimai foi mais rápido, rodou o seu corpo com um pé e com o outro deu um pontapé na faca, ela que voou, caindo no chão.
Era a vez de Nimai atacar, ele deu-lhe um golpe de mão fechada com a esquerda no seu estômago, o delinquente libertou uma dor de sofrimento, mas tentou contra atacar, agarrou no braço esquerdo com a mão direita e com a esquerda deu um golpe em Nimai, este que também libertou um som de dor. Nimai deu-lhe um golpe com a mão direita na cara, na bochecha, ele ficou desorientado por um segundo, mas Nimai não parou, deu-lhe outro golpe com a mesma mão, o delinquente caiu no chão desorientado, levantou-se, Nimai apenas deu-lhe um pontapé com a perna esquerda, o calcanhar apanhou-lhe o queixo e ele foi a voar para trás.
O outro irritado e cansado, olhava para ele imóvel, estava pronto para atacar, mas Nimai apenas com o seu olhar zangado, involuntariamente, deixou escapar um bocado daquela energia interior, o reiastu, o respirar dele ficou um bocado mais pesado. Nimai correu contra ele, e deu-lhe um golpe com a mão direita na sua face, partiu alguns dentes do delinquente, acabou por cair no chão imóvel, inconsciente. Nimai tirou-lhes o dinheiro para comprar o resto das flores e carregou-os para fora do cemitério, enfiando-os nos caixotes do lixo que encontrava no caminho.
Nimai distribuiu os 100 ramos de flores por cada uma das campas a que pertenciam. Foi comprar o resto das flores que estavam na sua lista. Foi a uma florista longe do cemitério.
[Fim da 1ª Parte]